Eu te amo
nas manhãs fulgurantes e nos finais de tarde onde meus olhos pasmados,
transmutam-se. Amo-te nas noites,
lentamente, e em mim, sou um largo porto. Eu te amo em todas as
horas, porque és bonito e me embriagas. E te amaria se fosses feio ou selvagem.
Porque ainda mais precisaria de ti e deste alucinado amor. Amo o renascer das
tuas pupilas, reflexos brilhantes do teu próprio ser. E os sóis que se
redesenham em teus olhos esverdeados de sombras ligeiras e de lasso.
Amo tua
imagem fremente na incansável busca ao teu corpo, nítido, melódico e viril. E
amo as tuas figuras, que me vêm soberbas, circulares, libertando-me da inexplicável
saudade que sei sentirei. E venero cada coisa: dos teus pés que dançam aos teus
braços que prendem e acariciam. Assim, te ofereço cada linha da minha vida, num
renascer íntimo e constante. Tolho-me nos intervalos que aviltam minha sina,
bebendo tuas palavras que quebram o silêncio e o eco desta distância.
Percorro-te,
palmo a palmo, numa trilha incandescente de espírito, corpo e espasmos orgásticos.
E sigo te amando, primitiva, bizarra, paradoxal, delirante, voraz, comungando
minha língua entre a tua que entendo e sinto, em chuva ou em sol. E me atropelo
diante desta climática igualdade que é justa minha diferença. Tudo perfeitamente
amado, piscante e germinal. Sei que te amarei amanhã que é novo dia desta
terra, ofegante e atrevida, quando nossos corpos estarão juntos em estreito
desejo. E, em tua cidade, abro o teu portal, sinto-te em demasia e,
naturalmente te amo também nesta chegada.
Amo-te até
quando a ultima luz apagar-se e minha alma calar-se no seu descender bendito de
conformação e grandeza. Naquele sonho, ainda te amarei, de verdade em sôfrega
paixão de brilho bêbado. E, diante de quaisquer atos impensáveis, eu ti amo e te
espero, é só chamar donde tu estiveres.
- Margarida
Reimão -
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