Canção do Amor e seus Sóis by Margarida Reimão

Eu te amo nas manhãs fulgurantes e nos finais de tarde onde meus olhos pasmados, transmutam-se.  Amo-te nas noites, lentamente, e em mim, sou um largo porto. Eu te amo em todas as horas, porque és bonito e me embriagas. E te amaria se fosses feio ou selvagem. Porque ainda mais precisaria de ti e deste alucinado amor. Amo o renascer das tuas pupilas, reflexos brilhantes do teu próprio ser. E os sóis que se redesenham em teus olhos esverdeados de sombras ligeiras e de lasso.

Amo tua imagem fremente na incansável busca ao teu corpo, nítido, melódico e viril. E amo as tuas figuras, que me vêm soberbas, circulares, libertando-me da inexplicável saudade que sei sentirei. E venero cada coisa: dos teus pés que dançam aos teus braços que prendem e acariciam. Assim, te ofereço cada linha da minha vida, num renascer íntimo e constante. Tolho-me nos intervalos que aviltam minha sina, bebendo tuas palavras que quebram o silêncio e o eco desta distância.

Percorro-te, palmo a palmo, numa trilha incandescente de espírito, corpo e espasmos orgásticos. E sigo te amando, primitiva, bizarra, paradoxal, delirante, voraz, comungando minha língua entre a tua que entendo e sinto, em chuva ou em sol. E me atropelo diante desta climática igualdade que é justa minha diferença. Tudo perfeitamente amado, piscante e germinal. Sei que te amarei amanhã que é novo dia desta terra, ofegante e atrevida, quando nossos corpos estarão juntos em estreito desejo. E, em tua cidade, abro o teu portal, sinto-te em demasia e, naturalmente te amo também nesta chegada.

Amo-te até quando a ultima luz apagar-se e minha alma calar-se no seu descender bendito de conformação e grandeza. Naquele sonho, ainda te amarei, de verdade em sôfrega paixão de brilho bêbado. E, diante de quaisquer atos impensáveis, eu ti amo e te espero, é só chamar donde tu estiveres.

- Margarida Reimão -


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