É
já manhã quando a madrugada
vem
beijar os meus ombros
e
a chuva fria me acorda os olhos.
É
já manhã quando a boca rubra
se
abre em sobressalto
e
lá fora os pássaros se abrigam do temporal
tontos
que andam de beiral em beiral.
É
já manhã e, contudo eu não dormi...
É
manhã neste lado de cá do rio
e
tu desassossegas o meu dia
que
mal ainda rompeu.
Lá
fora as luzes ainda alumiam as estreitas ruas
o
céu chora convulsivamente
as
sombras da noite que ainda subsistem
digladiam-se
no teu corpo
e
é a plácida e macilenta luz
de
uma manhã nublada que eu te adivinho no rosto
embora
não te veja do lugar aonde estou...
...nesse
rosto nostálgico
que
morde o meu sossego
onde
os olhos são janelas que não abro
e
a boca o início de uma paixão
que
não saboreio...
...enquanto
a tua boca
ainda
canta aleluias
enquanto
a tua pele ainda respira
pelo
último orvalho que a tocou.
enquanto
o meu peito desabrido e nú
ainda
chora a ausência do teu...
...pele
de uma outra pele que não vive sem a tua
carne
da tua carne que jaz fria e nua
esperando
que a cubras com o teu carinho
neste
dia em que o frio e saudade
irromperam
pela minha porta
e
se vieram aninhar na minha cama...
- São Reis -
Nenhum comentário:
Postar um comentário