Nestes 365 dias você foi à lembrança marcante da
saudade. Minha música predileta e meu choro na madrugada. Entre as ausências e
presenças, alegrias e esperas, você torturou meu ano. Você é a fórmula sem definição,
a conta sem resultado, o cálculo complexo com múltiplas respostas. Minha
insistência pessoal. Porta que não se fechou. Sentimento acumulado e coração
cansado. Você não representa tudo, mas uma boa parte das minhas leituras
noturnas. Foram dias e noites com você no meu pensamento. Você de manhã. Você à
tarde. Você a noite. Café quente, chocolate meio amargo, sinal da cruz, dedos
cruzados e procura sem fim. Comida apimentada. Macarrão no ponto. Sanduíche quentinho.
Sorvete de caramelo. Você é minha
pirraça afetiva, poema sem verso, canção romântica numa versão estrangeira pra
dificultar meu entendimento. No primeiro semestre você foi o meu horóscopo
diário que deu certo sob a ótica do astrólogo. No semestre seguinte, a linha do
coração, marcada em minha mão, com um final feliz, segundo a quiromancia. Você é ainda a anotação no meu caderninho de
cabeceira, o primeiro número na agenda do telefone. A foto marcada de batom. A
lembrança nos dias de chuva, o travesseiro molhado de lágrimas, a espera do e-mail.
Você é o sentimento que se esqueceu de ir embora. A saudade que teimou em
permanecer. A ilusão do dois em um. O desejo guardado. A sintonia da dança. Os
passos alternados na calçada. O sorriso marcado na memória. Você é o amor em
exagero que continuou acontecendo no vazio. Você, por pura perdição minha é o
que não imagina ser.
- Ita Portugal -
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