Quero-te ao pé de mim na hora de morrer
Quero,
ao partir, levar-te, todo suavidade,
Ó
doce olhar de sonho, ó vida dum viver.
Amortalhado
sempre à luz duma saudade!
Quero-te
junto a mim quando o meu rosto branco
Se
ungir da palidez sinistra do não ser,
E
quero ainda, amor, no meu supremo arranco.
Sentir
junto ao meu seio teu coração bater!
Que
seja a tua mão tão branda como a neve
Que
feche o meu olhar numa carícia leve
Em
doce perpassar de pétala de lis…
Que
seja a tua boca rubra como o sangue
Que
feche a minha boca, a minha boca exangue...
Ah,
venha a morte já que eu morrerei feliz!…
- Florbela
Espanca -
Em Trocando Olhares - 20/06/1916
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