O Anjo
que em meu redor passa e me espia
E cruel
me combate, nesse dia.
Veio
sentar-se ao lado do meu leito
E
embalou-me, cantando, no seu peito.
Ele
que indiferente olha e me escuta
Sofrer,
ou que, feroz comigo luta,
Ele
que me entregara à solidão,
Posava
a sua mão na minha mão.
E foi
como se tudo se extinguisse,
Como
se o mundo inteiro se calasse,
E o
meu ser liberto enfim florisse,
E um
perfeito silêncio me embalasse.
- Sophia
de Mello Breyner -
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