Amor Antigo by Carlos Drummond de Andrade

O Amor antigo vive de si mesmo,
não do cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.


O Amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.


Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo Amor, porém nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.


Mais ardente, mais pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais Amor.

Carlos Drummond de Andrade -

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