Se um dia me pedires,
juro que te empresto
o meu coração,
tal como guardei na
boca o
pequeno deus
que te trazia tão curioso.
A sério. Deixo-te tocar
nele, sentir-lhe o peso,
atirá-lo contra a parede
para depois o apanhares
e retirares a pele de pêssego
demasiado maduro..
Podes até queimá-lo –
com cuidado, por favor –
quando estiver mais frio;
ou enterrares os restos
debaixo das estrelícias,
de propósito por saberes
que não as suporto.
Em troca, promete-me
apenas que depois me
deixas fugir para saber
como é isso de passar
o resto da vida
desembaraçada
finalmente
desse peso morto.
- Inês Dias -
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