A Serenata by Adélia Prado



Uma noite de lua pálida e gerânios 
ele viria com boca e mão incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa. 
Eu que rejeito e exprobo o que não for
natural como sangue e veias descubro, 
que estou chorando todo dia, os cabelos
entristecidos, a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem, de 
que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos - 
só a mulher entre as coisas envelhece. 
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?

Um comentário:

  1. Obrigada pela presença lá no meu blog!

    Adorei seu blog!

    Beijos, Cáh Morandi

    )P.S: Amo Adélia Prado!

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